Vitória do Século

04 setembro 2011

Brasil 1 x 0 Pelotas: Vitória do século
Com golaço de Athos, no finzinho do jogo, Xavante bate o Lobão e vence clássico histórico contra o arquirrival no estádio Bento Freitas


Foi um BRA-PEL para ficar na história. E por vários motivos. Um deles é que o clássico entre Brasil e Pelotas, disputado na tarde deste domingo, não acontecia há cinco anos, e isso rendeu mobilização extra para o jogo. Também teve o fator arquibancada. Meia hora antes de a bola rolar já não havia mais ingressos nas bilheterias e muitos rubro-negros não puderam se juntar aos milhares de torcedores que coloriram o estádio Bento Freitas numa grande festa em vermelho e preto. Dentro de campo, o confronto também não deixou por menos. Foi uma partida equilibrada, emocionante, aberta e decidida só no finzinho, com um golaço de Athos. O camisa 10 acertou um chute perfeito, aos 41 minutos do segundo tempo, e definiu o placar em favor da equipe Xavante. Como se não bastasse tudo isso, ainda teve um ingrediente especial chamado ‘centenário’. É que este duelo válido pela Copa Laci Ughini reuniu, pela primeira vez, os dois clubes na atmosfera dos 100 anos. O áureo-cerúleo, que chegou a esta marca em 2008, e o da Baixada, que completa o aniversário emblemático na próxima quarta-feira, mas que já vive no clima de ter idade com três dígitos. Definitivamente foi o BRA-PEL DO SÉCULO. Com uma vitória que, quem sabe, vai ser comemorada pela ‘maior e mais fiel’ até 2111.

Além de valer por um século, o triunfo frente ao arquirrival também rendeu ao Xavante mais três pontos da tabela de classificação. Agora o Brasil tem nove pontos, e está na vice-liderança da Chave Região da Fronteira. Por outro lado, o Lobão continuou com quatro pontos, caindo para a lanterna do grupo, dois pontos atrás do Guarany de Camaquã, que está em sexto. O próximo jogo do Brasil pela competição nacional está marcado justamente para o dia do Centenário Xavante (7/09), e vai ser fora de casa, contra o Riopardense. Porém, quem disputou o BRA-PEL não deve viajar a Rio Pardo. Pois o time, agora, precisa se poupar e se preparar para o confronto decisivo contra o Joinville, marcado para as 16h deste domingo. O jogo em Santa Catarina é válido pela penúltima rodada da primeira fase do Campeonato Brasileiro da Série C, e vai decidir as pretensões rubro-negras no certame nacional.

O JOGO
O Brasil começou melhor na partida, e chegou com perigo logo aos cinco minutos. Em cobrança de escanteio, Athos alçou a bola na área e Juba acertou um testaço que passou rende ao travessão. Após o lance, o Pelotas reagiu, conseguiu equilibrar o clássico e também chegou com perigo, também pelo alto. Aproveitando um cruzamento pela direita, o centroavante Samuel torneou uma bola de cabeça e mandou muito perto da meta defendida pelo goleiro Vanderlei.

Com a partida mais parelha, as chances de gol foram diminuindo até que, literalmente, pararam. É que aos 30 minutos o jogo teve que ser interrompido para que a ambulância pudesse cruzar o campo para atender um torcedor rubro-negro que teve um mal súbito nas arquibancadas.

E foi após o reinício do clássico que surgiu a melhor oportunidade de gol do primeiro tempo. Na marca dos 42, Juba arriscou de longe, a bola esbarrou na defesa áureo-cerúlea, e Marcos Denner alcançou a redonda dando um toquinho com o bico da chuteira para desviar para o canto. Mesmo sendo um lance muito rápido, o goleiro Fernando Júnior teve reflexo suficiente para espalmar. E, no rebote, depois da bicicleta de Athos, ele já estava em pé para segurar firme e impedir a abertura do marcador antes do intervalo.

Não satisfeito com o rendimento do time da Baixada no meio de campo, no vestiário o técnico Sérgio Ramirez trocou o atacante Rafael Xavier pelo meia-atacante Guilherme. E a mexida deu certo. O Brasil passou a dominar o jogo, e partiu para uma blitz na etapa final.

Aos sete minutos, o próprio Guilherme cobrou uma falta em direção ao gol, deu bate/rebate na área, Juba pegou a sobra e mandou milímetros acima do poste. Na jogada seguinte, novamente o camisa sete pegou um rebote dentro da área. Só que desta vez ele pode dominar e chutar colocado, para uma excelente defesa do camisa um da avenida.

E o Brasil continuou em cima. Aos 14, Léo Medeiros lançou na marca do pênalti e Marcos Denner cabeceou no meio do gol. Aos 28, Galego arrancou pela esquerda, fez tabela com Athos, invadiu a área e soltou uma bomba num chute cruzado, que Fernando Júnior pegou do jeito que deu, mandando para a linha de fundo.

A insistência era grande, e só terminou aos 41 minutos. Foi quando Athos recebeu na entrada da área, ajeitou para a perna direita e acertou um arremate perfeito no cantinho (mas no cantinho mesmo) do goleiro do Lobão, que nada pode fazer para evitar que o estádio quase viesse abaixo com a euforia incontrolável da massa rubro-negra vibrando com o que viria a ser o gol da vitória. Ainda na comemoração, o camisa dez, autor do gol, imitou o gesto do flechada, em homenagem ao eterno ídolo Cláudio Milar.

E só foi o gol da vitória, diga-se de passagem, graças, também, ao goleiro Vanderlei. Nos dramáticos minutos finais do clássico, o arqueiro Xavante brilhou com duas defesas simplesmente sensacionais, assegurando o marcador favorável aos donos da casa e da festa.

- A vitória foi merecida pela dedicação do nosso grupo. Os atletas se mostraram acessíveis às mudanças que nós colocamos no intervalo. A aplicação foi muito boa. Tivemos um segundo tempo diferente, com domínio amplo da partida, e foi aí que ganhamos o jogo. A nossa torcida também foi fundamental. Ela é vibrante, tem muito calor humano, que contagia, que impregna na pele e no sangue. Ainda bem que fomos felizes de poder retribuir a esse torcedor fantástico do Brasil com uma grande vitória no clássico. Espero que, pelo menos, 10% dessa torcida nos acompanhe em Joinville para que nós possamos alcançar outro bom resultado lá – convidou o técnico Sérgio Ramirez, que antes da entrevista coletiva foi várias vezes na beira do alambrado comemorar junto com a torcida.

Pelo triunfo no grande clássico, o Brasil recebeu um troféu da Liga Pelotense de Futebol (LPF), e o troféu Émerson Vieira, que homenageou o radialista local que faleceu recentemente. Por muito pouco não teve volta olímpica no gramado da Baixada.

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