O outro lado dos 200 Anos de Pelotas

28 julho 2011

Chafariz da Praça está completamente abandonado
     Na Várzea, as comemorações não chegaram. Indignada, a comunidade reclama da falta de iluminação. Nesta primeira matéria sobre os 200 anos, pensamos nas Praças da Comunidade. Praça Domingues Rodrigues no Porto.  Praça República na Ambrósio Perret. Praça Sem Nome, na Av. Arthur de Souza Costa, no Fátima. O que estas praças têm em comum? Tudo. São três espaços de lazer da comunidade, que para as crianças não têm brinquedos. Para os idosos não têm bancos e representam perigo à comunidade, já que não existe iluminação nem policiamento.
    A Praça república tem um chafariz, construído há mais de 30 anos. Na Praça do Fátima, na Arthur de Souza Costa que poderia beneficiar os moradores do bairro, dos Navegantes I e III não têm nada. A moradora Angela Lesser, que mora ali há cinco anos, que juntamente com a dona Hilda Sebastião, 80, e mora ali há mais de 50 anos, que começaram a plantar neste inverno algumas árvores, para quem sabe, no verão, ter alguma sombra.  

    As promessas são sempre renovadas da colocação dos brinquedos, mas até hoje nada. Elas acreditam que até o Natal tenham uma pracinha e uns bancos.

    O mutirão da limpeza da praça é organizado pelas vizinhas, Neli, Hilda e Angela. “Eu também sou umbandista, mas não dá para aceitar isso, os nossos irmãos pais e mães de santo, despacham aqui na parta os restos dos animais, no outro dia de manhã os cachorros da rua levam isso para a frente das nossas casas, fora a curiosidade das crianças que mexem nos detritos. Olha aquela árvore, aquele buraco está de tantas velas que eles colocam e queimam as raízes da figueira. Outra briga que tenho aqui é com este pessoal que coloca os cavalos. A gente planta num dia no outro os cavalos comem.” Angela Alves Laesser.
    A praça da Arthur de Souza Costa, que não tem nome, não tem brinquedos, não tem bancos e nem iluminação, sendo local de grande perigo para os moradores, visto que ela está no coração do Fátima que liga o Porto ao Navegantes, sendo rota dos viciados que buscam o crack no Navegantes III.
    Nas imediações da praça, assaltos acontecem diariamente, pela falta de iluminação e sendo usada como local do uso de entorpecentes. O mesmo na praça República na Ambrósio Perret. Ao contrário da praça do Fátima, é muito arborizada, mas o lixo e o descaso também tomam conta.

    O vocalista Dudu (Uiliam Eduardo Freda), das bandas Dona Dináh, Maloka e Be Livin’ observa que nestes 200 anos Pelotas é berço, fonte de mentes criadoras nas artes, mas lamenta que não exista nenhum projeto que lapide as preciosidades da região, podendo ser exportadora de talentos, sobre o bairro em que nasceu e vive até hoje, Ambrósio Perret, percebe o descaso dos governos que passam suas patrolas apenas em épocas de pleito eleitoral e reclama: “O valetão está na frente da minha casa há 200 anos. Eu nem era nascido e ele já estava, do mesmo jeito que continua, faltam políticas públicas para resolver esta situação.”


 Camila Freda, 19, irmã do Jogador Taison, que agora está na Ucrânia, estava indignada. “Como pode a prefeitura colocar lá um relógio para marcar os 200 anos e o relógio do mercado público continuar parado?” questiona a jovem que preocupa-se com o avô, de 82 anos, que não pode sair de casa depois das 18h, seria vítima fácil dos viciados que se aglomeram na arborizada pracinha da Perret, pela falta de iluminação. Ela afirma que a Perret é um loteamento de pessoas idosas, facilmente ludibriadas.


    Márcio Wilki, proprietário do comercial Wilki, na frente da Praça República, lembram-se de que quando tinha 10 anos o chafariz da praça funcionava, “era tudo limpinho, mas o Seu Antônio ali dá esquina era quem cuidava bem, ele ainda está vivo, mas está com mais de 90 anos, não tem mais condições, a gente sabe que quem tinha que cuidar era o poder público, mas eles não estão nem aí. A gente chegou a falar com eles para colocarmos aqui um holofote, tipo um farol, porque clarearíamos a praça, mas não nos deixaram e ainda nos avisaram que se colocássemos seriamos multados, na escuridão da praça, não vemos quem está lá ou se tem gente ou não, mas eles vêem todo o movimento do mercado e da rua.”
 Atualmente quem cuida da Praça da Perret, são a Elisângela Rodrigues, 34 (foto) e o esposo. Eles plantam, rastilham, já pintaram o chafariz algumas vezes e as reclamações são as mesmas do Jairo Alberto, 38, morador da comunidade também: falta de iluminação, de brinquedos, bancos e o abandono do Chafariz. “A última vez que limparam a Praça aqui, foi na véspera das eleições para prefeito, depois nunca mais, quando a prefeitura vem, eles passam a máquina para cortar a grama, mas nem rastilham, quem faz isso somos nós, eu e meu marido”, desabafa Elisangela.

Por: Gagui D.V.

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