Imagem meramente ilustrativa |
Esta droga, cientificamente foi provada que é seis vezes mais potente que a cocaína, e provoca imediata dependência psíquico e física, e leva à morte por sua ação fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco. Ela leva apenas 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário, chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.
O crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar, pode tornar-se um viciado. Ele não é, porém, das primeiras drogas que alguém experimenta. De um modo geral, o seu usuário já usa outras, principalmente cocaína, e passa a utilizar o crack por curiosidade, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por falta de dinheiro, já que ele é bem mais barato por grama do que a cocaína. Todavia, como o efeito do crack passa muito depressa, e o sofrimento por sua ausência no corpo vem em 15 minutos, o usuário usa-o em maior quantidade, fazendo gastos ainda maiores do que já vinha fazendo. Para conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas começam a usar qualquer método para comprá-lo: Roubos, assaltos, etc.
O pesquisador Luis Flávio Sapori, do Instituto Minas pela Paz, que realizou a mais aprofundada pesquisa sobre o assunto, financiada pelo CNPq, aponta que o crack é sem dúvida um fator de risco para a violência urbana. Segundo Sapori não há uma política nacional de saúde pública para acolher o dependente químico que queira se tratar. Ao mesmo tempo não há mecanismos para aqueles que necessitariam de uma internação involuntária.
A melhor forma de tratamento desses pacientes ainda parece ser objeto de discussão entre especialistas, mas muitos psiquiatras e autoridades posicionam-se a favor da internação compulsória em casos graves e emergenciais, cobrando previsão legal e aumento de vagas em clínicas públicas que oferecem esse tipo de internação. Poucas cidades brasileiras possuem o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e drogas (Caps AD). Essa modalidade de CAPS possui atendimento ambulatorial e hospital-dia com equipes interdisciplinares cuja função é criar uma rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas.
A recuperação não é impossível, mas dependem de muitos fatores, como o apoio familiar, da comunidade e a persistência da pessoa (vontade de mudar). Além disso, quanto antes procurada a ajuda, mais provável o sucesso no tratamento. Segundo o médico psiquiatra Marcelo Ribeiro de Araújo, "Faz-se necessário a constituição de equipe interdisciplinar experiente e capacitada, capaz de lhes oferecer um atendimento intensivo e adequado às particularidades de cada um deles, contemplando suas reais necessidades de cuidados médicos gerais, de apoio psicológico e familiar, bem como de reinserção social."
Ações
O Rio Grande do Sul é o Estado onde mais municípios desenvolvem ações contra o crack, 64,5% das cidades gaúchas adotam algum tipo de medida contra a droga. A conclusão é de um estudo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).
O estudo ainda aponta que o crack chegou a 98% dos municípios pesquisados. As cidades foram questionadas sobre a presença da droga e sobre o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle do uso: “Queremos conversar de forma efetiva com o governo federal para buscar uma solução eficaz, urgente, que integre a União, os Estados e os Municípios, além de mobilizar a sociedade civil. Isso precisa ser enfrentado imediatamente”, disse o presidente da confederação, Paulo Ziulkoski.
Em Pelotas
O promotor de Justiça da Infância e da Juventude de Pelotas, José Olavo Passos, disse que não existe um levantamento que determine o número de usuários de crack na cidade. No entanto, a cada dez casos atendidos por ele, seis ou sete são relacionados à droga. Segundo ele, o consumo já é visível, até mesmo, em crianças de apenas cinco anos de idade e atinge, também, a terceira idade.
Um caso em Pelotas chamou atenção: Dois irmãos gêmeos, de 18 anos, viciados em crack se acorrentaram no prédio da prefeitura para pedir ajuda. Eles já haviam sido internados, mas tiveram recaídas. A família realizou o ato para solicitar ajuda aos rapazes. Ambos são usuários de drogas desde os 15 anos. Em entrevista cedida ao jornal local (Diário Popular), a família contou que grande parte dos móveis da casa já foram vendidos pelos jovens para comprar a droga. A mãe trabalha como empregada doméstica e por três vezes internou os filhos em unidades terapêuticas. Em todas as ocasiões eles tiveram recaídas.
Também em Pelotas, um grupo de mães de usuários de crack, se unirem para tentar livrá-los da droga deve ser destacada pelo exemplo de mobilização. O alto poder de desestabilização da droga, tanto para os usuários crônicos quanto para familiares e pessoas mais próximas, faz com que dificilmente o problema possa ser enfrentado em âmbito familiar, por maior que seja a determinação dos pais. Por isso, as comunidades precisam apoiar iniciativas do gênero, pois só a união de propósitos pode se mostrar maior do que a degeneração física e mental provocada por esse derivado da cocaína.
Na opinião do Grupo, um dos pressupostos para mudanças no atendimento a usuários crônicos, capaz de facilitar o trabalho de mães como as que se uniram em Pelotas, é o poder público se dar conta da importância do tratamento involuntário. Quem se subjugou ao crack não tem condições de discernir se quer ou não ser tratado. Simplesmente precisa se submeter a um tratamento rigoroso e demorado, que, embora com reduzidas chances de sucesso, precisa ser tentado.
A mobilização de mães em Pelotas pode contribuir para amenizar o sofrimento dos familiares e para facilitar ações em favor dos dependentes. Precisa, porém, ser apoiada pela sociedade e particularmente pelo poder público, com providências efetivas de socorro físico e psicológico a quem se transformou em vítima do crack.
Se seu filho está usando drogas, o que fazer?
1. Procure informação e, se possível ajuda especializada mesmo, antes de conversar com o seu filho. Ele sempre terá um argumento para justificar o uso, além de minimizar o problema;
2. Não permita que seu filho fume maconha dentro de casa, a fim de manter o controle. Essa atitude, além de proibida por lei, não diminui os riscos;
3. Se o seu filho está arredio e não quer te escutar, procure alguém que ele respeite, como um parente ou amigo da família;
4. Leve - o para um psicólogo ou psiquiatra especializado. Além de mostrar que ele está prejudicando a própria vida, a terapia pode ajudar nas questões que o levaram a buscar a droga. È importante que o profissional tenha experiência na área;
5. Participe de grupos de ajuda mútua dirigidos para pais de dependentes, ainda que seu filho não esteja em tratamento. Mudando seu comportamento, é possível que seu filho decida se tratar;
6. Coloque limites em casa, como delegar tarefas, controlar o dinheiro e impor horários. Enquanto o jovem tem tudo o que precisa, dificilmente sente - se estimulado a largar as drogas;
7. Seja firme e nunca volte atrás. Negar ajuda pode ser melhor ajuda;
8. Lembre - se que, pagando dívidas que seu filho fez com traficantes, você pode estar dando início a um ciclo vicioso. Não deixe de procurar ajuda quando a situação envolver traficantes.
Fonte: Antônio Rabello Filho, do Instituto Souza Novaes, coordenadores do grupo Amor Exigente, psicóloga Lygia Humberg, da USP, psicóloga Neliana Figlie,da Unifesp, livro "Anjos Caídos", do psiquiatra Içami Tiba, psiquiatra José Antonio Ribeiro e psicólogo Marcos Govoni
Onde buscar ajuda?
Não há em Pelotas, ainda, um local específico para internação de usuários de Crack, mas é possível procurar os Narcóticos Anônimos (NA), Comunidades terapêuticas como a Reconstruindo Caminhos (Tel: 53-3273-4936) e o Grupo de Amor Exigente Fenix (Tel: 53-3222-4263) ou pelo site: Amor Exigente.
Uma alternativa também é a central telefônica VivaVoz (0800 510 0015), organização do governo federal, que por meio da SENAD, presta orientação e fornece informações por telefone sobre o uso indevido de drogas. O serviço é gratuito e aberto a toda população e os atendimentos são realizados por consultores capacitados e supervisionados por profissionais da área de saúde. No Disque Saúde (0800 61 1997), também é possível obter mais informações.
Amy tinha sérios problemas com álcool e drogas |
Um exemplo típico do que a droga leva: Amy Winehouse
A cantora inglesa Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa, em Londres, no sábado (23), segundo a Polícia Metropolitana de Londres. Ela tinha 27 anos e um histórico de envolvimento com álcool e uso de drogas.
Um dos seus principais hits, "Rehab", falava sobre suas constantes idas às clínicas de reabilitação. A faixa está no álbum "Back to black", de 2006, último lançado pela cantora. Rumores sobre um próximo álbum circulavam há tempos, mas uma das poucas gravações oficiais de Amy a ver a luz no período foi um cover de "It's my party", incluída em um disco do produtor Quincy Jones, lançado no ano passado.
De acordo com o semanário musical "NME", o terceiro álbum da cantora teria sido concluído, mas enfrentava problemas de finalização por conta da rotina tumultuada de Amy.
Amy chegou a se apresentar em turnê pelo Brasil em janeiro deste ano, com shows em Florianópolis, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. A passagem dela pelo Brasil, no começo deste ano, prometia marcar a volta por cima da popstar britânica. O que se viu em suas apresentações, no entanto, foram shows curtos, marcados por uma presença de palco tímida e pontuados por alguns momentos constrangedores, quando a cantora esquecia as letras de suas próprias músicas e deixava o palco por alguns instantes sem dar satisfações.
No mês passado, a cantora britânica abandonou uma turnê pela Europa após ter sido vaiada durante show na Sérvia por estar aparentemente bêbada durante a performance.
Durante 90 minutos, Amy balbuciou partes de suas canções e deixou o palco várias vezes, enquanto a banda continuava o show.
A morte precoce de Amy Winehouse aos 27 anos se junta a uma trágica lista de roqueiros que também morreram nesta idade, por consequência direta ou indireta do uso de drogas, entre eles, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison, Brian Jones e Jimi Hendrix.
Fonte: Site G1
Por: Mariângela Paz
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